Esse assunto não poderia faltar nas nossas histórias. Hoje
estamos no século XXI, nossos hábitos são muito diferentes das décadas de 50 e
60 do século passado. Nessa época a cultura era das dentaduras, banguelas e
desdentados em geral, tinha até apelidos, tipo 1001, janela etc. Não era como hoje, onde o cuidado dental faz parte dos hábitos da
população, onde 90% da população usam aparelhos ortodônticos (exagerei?
Desculpe, 89% da população). Meus irmão mais velhos que eu têm história
parecida com a minha, acho que só a mais nova escapou dessa sina. Tudo começava
com o dente de leite, ou caiam sozinhos ou seriam arrancados, na marra! No meu
caso eu ia amolecendo o coitado (não sei se eu ou o dente era o coitado). Quando
eu percebia que estava mole o suficiente eu mesmo amarrava um barbante de pão no meu dente e ia,
com o barbante pendurado fora da boca, procurar meu pai para ele puxar, que sem dó, nem
piedade procedia com um forte tranco, a “extração” do mesmo. Chegava a ele com
aquele barbante já babado e ele procurava puxar conversa, falando de um
assunto qualquer ou uma pergunta para nos distrair e quando percebia que já havíamos esquecido, dava o puxão. Quando dávamos
sorte o dente ia no barbante, quando não (não estava mole o suficiente), nossa
cara ia junto com o barbante e dente mesmo que era bom ter ido, ficava. Era uma
sangueira danada! Quando um dente ficava careado então era para ser arrancado
ou extraído, como se diz hoje. Não havia obturações ou tratamento de canal,
apenas quase tão somente extrações, nas chamadas clinicas populares ou no ISS (atual SUS). Uma vez fui pela primeira vez na minha vida num
dentista, logicamente para extrair meu primeiro dente. Minha mãe de deu o
dinheiro e mandou em ir na Clinica Vila Lage, “especializada em extrações”
(leia-se, a mais barata da região). Você chegava e recebia um número e ficava
esperando sua vez. Os sons que viam das salas não eram alvissareiros, mas não
tinha jeito mesmo, não dava para fugir, chegou minha vez e fui para a cadeira, que era regido com
maestria, por uma dentista. Me sentei, esperei um pouco e recebi a anestesia.
Claro que o dente não foi extraído, se não, não seria uma história, apaguei,
simplesmente desmaiei. Me levaram para fora, me abanaram, me deram água para eu
me recuperar e voltei pra casa como o dente estragado. O tempo passou e agora,
com meu amigo Marquinhos, formos a outra clinica “especializada” (ela arrancava
quantos dentes dava, pelo preço de um. Ele chegou a arrancar quatro de uma vez
só!). Me animei, afinal também ia me livrar de quatro ao mesmo tempo! Era minha
esperança, desmaie de novo. Descobri, na marra, que era alérgico (não sei qual é
a descrição técnica correta) a anestesia com ou de adrenalina. Fiquei eu, de novo, desmaiado
na cadeira enquanto procuravam me reanimar. Depois de um tempo acordei e voltei
para casa, novamente com o dente do mesmo jeito.
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