Éramos muitos irmãos, todos homens, vivendo numa casa sem
quintal e pequena, muito pequena. Assim sempre que minha mãe saía ela dizia, “não façam, arte, hein!”. Pra
quê! Era só ela virar as costas que nós íamos às artes, no caso, suprimentos
alimentares, comidas, gororobas diversas etc. Claro, não tínhamos nada das
guloseimas de hoje (nem da época, a de ser registrado), assim era
necessário improvisar e eram muitas as “artes”, mas tínhamos umas preferidas, farinha e açúcar (Já comeram?). É bem sofisticado, pega-se um pouco de
farinha e acrescenta-se um pouco de açúcar. Tuché! Está pronta a guloseima. A
melhor parte era falar com a farinha com açúcar na boca, era uma guerra, um
falando na cara do outro para sujar o companheiro (coitada da minha mãe quando
chegava). Outra era açúcar derretido. Realmente essa receita era muito
complexa e elaborada. Colocávamos um punhado de açúcar numa panela, esquentava até derreter
e depois espalhava na pedra da pia para esfriar e tínhamos a mais pura bala de
açúcar do Brasil! (claro com um pouco do gosto do alho ou outras coisas que
passaram antes pela pia. Acham que a gente limpava!?). Uma arte não tão boa, mas
matava a fome, era pão molhado com água e açúcar. Descia fácil. Agora tinha uma
que era “a guloseima”: ovo com farinha e açúcar (esses ingredientes nunca
faltavam). Era a junção do que havia de melhor e a receita era assim: pegávamos
um ou dois ovos crus, misturava num prato a clara com a gema, acrescentava-se
farinha e açúcar, mexia um pouco e, olé! Mais uma receita maravilhosa preparada!
O bom mesmo era comer esse ovo cru, com farinha e açúcar bem molinha na casa do
ovo, buscando o restinho do fundo da casca com a língua. Acho que vou preparar
um buffet com essas receitas e convidar meus irmãos para uma degustação para relembrar esse tempo (claro, eu não vou
querer nem olhar). Ah! Só esqueci um pequeno detalhe e por isso não vai dar, todos estão
diabéticos, a não ser que eu use adoçante. (hehe)
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