20 janeiro 2016

Diálogo com o FB - XX - Finados

Sabe FB, como hoje é dia de finados, vamos conversar sobre a morte e velhice.
Às vezes eu converso com você sobre essa fase da minha vida, que estou à caminho da luz, no do túnel, como nos filmes. Alguns não gostam e sou recriminado, talvez por interpretarem esses posts como realidade, o que nem sempre é, pode ser somente brincadeira de escrever, como um hobby, vai saber.
Nessa caminhada que é a vida eu procuro me espelhar em quem está minha frente, vamos chamar de referências, em quem eu procurarei ser parecido, sabe, tipo assim, ”quando eu crescer quero ser igual a você”? Tenho um amigo que é uma dessas referências, um senhor distinto, sempre elegante, bem vestido, barba feita e bigode cuidadosamente aparado, quero ser como ele no quesito aparência. Tenho outros que são referências inversa, o tipo de velho que não quero ser, como os babões, que ficam olhando as menininhas, os velhos burros que pegam empréstimos consignados e muitas vezes nem são para eles. Os velhos bons demais, que dilapidam seu patrimônio, dando-os para filhos, muitas vezes perdulários, que destroem o fruto do seu suado trabalho e eles mesmos ficam a ver navios, desamparados. Tem os velhos que são explorados por pastor, por pai de santo ou qualquer outro inescrupulosos, charlatão, que vendem cura, saúde, a vida eterna para eles, que se recusam a aceitar serem velhos, nem o que advém dela, como a doença, perda da força física e mental, querem continuar a ter a saúde dos jovens, querem andar, pular, correr, carregar bujão de gás etc.
Eu gostaria de ser um velho que aceite as limitações da idade, que aceite a doença, que aceite a morte, que aceite que não ficarei para semente. Ainda não cheguei a esse nível, não aceito muito dessas coisas, mas trabalho para isso, quando chegar a hora espero estar preparado para elas, espero estar pronto para enfrentar essas dificuldades e espero estar pronto para partir, para fazer a minha passagem, vamos ver se consigo.
Li que Salvador Dalí, aquele pintor espanhol com bigode de agulha, quando bem velhinho pediu para ser levado até à beira do mar. Lá ele pôde ver o céu azul, o mar, sentir o vento no seu rosto, ouvir os cantos dos pássaros. Então ele abriu os braços e exclamou, “que pena! ”. Chico Anysio, numa entrevista que eu assisti na TV, disse a mesma coisa, sentia pena de a vida estar acabando. Eu, como estou tendo a oportunidade de envelhecer, não gostaria de ficar apegado, agarrado a esse mundo, de ter a visão apenas material. Gostaria de crer que o melhor está por vir, que terei uma vida ainda melhor da que eu tenho aqui, que minha alma, que meu espírito, vai ao encontro de Deus e lá eu terei a paz e a felicidade plena e eterna, pois retornará de onde veio.

Diálogo com o FB - XIX - Mulher sapiens

Olá, FB, estive ausente um pouco por causa dos ECFs, outro dia conto essa história, mas agora estava pensando, certas coisas nessa vida não tem preço, né?. É como aquela propaganda do Mastercard, onde é apresentado situações do dia a dia que, literalmente, dinheiro nenhum compra. Eu conheço uma série de, vamos chamar “coisas”, que não tem dinheiro que pague, mas mais não quero falar de coisa, quero falar de um ser, cantado em prosas, versos, músicas e presentes, muitos presentes. Delas, das Dilmas do Brasil, das Mulheres Sapiens. Tinha um amigo (ele morreu) que quando havia uma discussão ou um papo chato que o estivesse aborrecendo, ele gritava bem alto, “eu gosto de mulé!” As pessoas paravam a discussão, porque aquele grito não tinha nada a ver com nada, nem agora nesse momento, eu acho engraçado.
Continuando, observo que hoje em dia poucas mulheres desejam ser mães. Acho que até a maioria atualmente são mães por acidente, não foram, vamos assim dizer, mães de crianças planejadas ou desejadas. Não que essas crianças não sejam amadas, muito pelo contrário, são muito bem-vindas, mas aquele desejo, aquele anseio, aquele sonho, de quem já deu nome, para qual já planejou o quarto, a escola, as roupinhas que irá usar, aquela ansiedade de engravidar, essas acho que são raras. Não sei bem dizer porque, mas acredito que seja a violência, o custo de vida, a falta de tempo, por causa do trabalho, pois é realmente difícil conciliar a vida corporativa, casa e crianças, fora o traste do marido, quando dão o azar de terem um.
Sobre a vida corporativa das mulheres existem pesquisas mostrando que não são valorizadas, que ganham menos que os homens na mesma função, que não estão na posição de liderança de grandes empresas, nem são políticas relevantes em relação ao total da população. É fato. Por outro lado, uma outra pesquisa que saiu por esses dias, apresentou uma faceta muito interessante sobre a mulheres, elas sabem que são tão capazes tanto quanto os homens, que podem ocupar as mesmas posições deles, mas escolhem não ser. Interessante, né? Eu não tenho dúvida da capacidade delas, já tive muitas chefes que em alguns aspectos eram melhores que os homens, mas eu pergunto: sucesso na vida é a coisa mais importante do mundo? Ser poderosa, rica, respeitada, influente nesse mundo deve ser a meta de todas? (Isso vale para os homens). Tem preço ver o filho crescer? Tem preço educar e cuidar de pessoas tão frágeis? Tem preço viver a vida? Por outro lado, é certo uma mulher trabalhar como um homem, depois de sair ficar horas na condução, chegando cuidar dela, da casa, dos filhos, marido, mãe e pai e mãe idosos? Fica a pergunta.
As mulheres nos unem e nos mantêm, é a nossa liga, e deveriam ser mais valorizadas, protegidas; são elas que fazem a diferença nesse mundo tão desigual e violento; são elas que estão ao lado da família e dos filhos, muitas vezes rejeitados por todos, mas não os abandona; ela está sempre perto, cuidando e zelando por todos. Se nós dependêssemos dos homens para manter nosso mundo ele já teria acabado há muito, mas há muito tempo. Perto de minha casa tinha uma casa de custódia, uma prisão e todos os dias eu passava em frente e via uma fila de... mulheres. Isso mesmo, somente mulheres, com suas bolsinhas plásticas de supermercado, no sol, esperando para serem vilipendiadas (revista íntima, quem sabe o que é entende o que eu digo), antes de poderem entrar naquele lugar horroroso, velho, caindo aos pedaços, para cuidarem, dar um pouco de amor e carinho aos párias, serem humanos que a sociedade diz “menos um” quando morrem. Raramente via um homem naquela fila, mas elas estavam lá, firmes, todos os dias, fazia sol ou chuva.
Pois é, possivelmente apanharei, mas para mim as mulheres, o seu cuidado, seu carinho, pelo o que elas representam, não tem preço. Mesmo que digam que não recebem o que merecem, que eu concordo, o que elas fazem cuidando para que nós continuemos nesse planeta não se paga e o que fazem com elas, é covardia. Reconheço que as mulheres, juntamente com as crianças e os idosos, é parte vulnerável na nossa violenta sociedade e precisam de cuidados especiais, leis especiais e reconhecimento especial, mas mais do que isso elas precisam de atitude de nós homens ou até mesmos de outras mulheres. Que demos às mesmas o merecido reconhecimento, que ofereçamos ajuda, que estejamos ao lado, independente de leis nos obrigando.

Diálogo com o FB - XVIII - Umbral




Sabe FB, tô “xatiado”. Estou passando um momento muito difícil, de muita dor e sofrimento, de ser desconsiderado, e isso não é bom. É um sentimento de não estar nem lá, nem cá, como em cima de um muro, no “umbral”. Umbral, aprendi com um amigo espírita, é para onde vão os espíritas suicidas. Nós compartilhávamos nossas crenças e as confrontavas e uma vez ele me disse que o pior pecado que uma pessoa espírita pode cometer é o suicídio. Segundo ele me ensinou, o suicida espírita fica num limbo, nem no céu, nem no inferno, palavras minhas, não sei muito bem, ficam lá, em penitência, sofrendo pra caramba, no nada,eternamente. Pois bem, é o meu caso, a parte do nem lá, nem cá, OK?

Sei que deve estar se preocupando comigo, afinal me considera muito, ou será que não? Mas meu momento é realmente complicado, pois sou um pré idoso, ou seja, sou velho o suficiente para sentir dores nas pernas ao viajar em pé na barca, depois de caminhar da Cinelândia à Praça XV, mas não o suficiente para sentar numa das cadeiras amarelas, reservada para as prioridade; não tenho mais saúde para ficar numa longa fila do supermercado, farmácia ou banco, mas não o suficiente para ficar na fila menor, a da prioridade; duro, sem dinheiro sobrando, como um bom velho, que mal pode pagar suas despesas e passagens, mas não tenho direito ao Vale Idoso ou comprar meus remédios mais em conta na farmácia popular do governo. Sabe FB, acho isso uma tremenda injustiça. Vejo velhos melhores que eu, um até me ultrapassou quando caminhava, passando minha frente na barca, sentando nas cadeiras amarelas e usando o Vale idoso e eu, que estou muito pior que eles, no túnel, a caminho da luz, jogado às traças. Será que ninguém está vendo isso? Pode isso Arnaldo?

Na minha opinião a prioridade deveria considerar a condição física e mental da pessoa, não somente a idade, pois a velhice está na cabeça das pessoas, e na minha já deu. Eu não tenho condições de ficar em pé, meu joelho dói; não dá pra eu ficar na fila do mercado, minhas costas dói; fico morto na minha caminhada diária do trabalho, quase não sinto as pernas; me sinto cansado quando termina meu expediente e muito mais acabado que os velhos “com prioridade”, e pra mim nada! Sabe FB deveria haver uma legislação que desse ao menos alguns direitos para os pré idosos ou velhos de espírito, meu caso. Deveria sim ter direito uma uma pré vaga de estacionamento perto da entrada do mercado, nem tão perto, como a dos idosos de carteirinha, mas não tão longe como hoje; um desconto na passagem para nós os pré idosos, já que gratuidade não tenho direito; uma cadeira, se não amarela, pelo menos magenta, para os pré idoso, se não daqui a pouco morro, o túnel a caminho da luz está cada vez maior, me sugando, e não vou desfrutar nenhum desses privilégios.

Diálogo com o FB - XVII - Pensando




Olá, FB, hoje estou pensativo, então se segura.

Penso que eu admiro pessoas de visão. Elas sonham, imaginam o que não existe, creem que é possível e lutam para torná-lo realidade. Elas, mesmo quando fracassaram, inspiram, aumentam o campo de visão dos que tem o prazer de ouvi-las, de conviver com elas ou de participar do projeto. Também penso, como as pessoas se sentem quando tudo que elas creram, lutaram, defenderam, até se desentenderam com parentes e amigos, desmorona? Não deve ser fácil. Por fim penso: de que adianta você ter um cargo, uma posição, chegar ao topo e não saber o que fazer, não ter o projeto, não ter a visão, não ter o sonho, quando muito um idealismo vazio? De que adianta o poder pelo poder, o poder como um fim em si mesmo, de que vale isso?

Agora vemos usar esses pensamentos na situação atual do Brasil. Primeiro vamos nos colocar no lugar das pessoas que tinham a visão de um estado mais justo, onde os mais necessitados seriam as prioridades, onde a escola seria de qualidade, onde os trabalhadores teriam voz e ele veem milhares de desempregados, estaleiros demitindo e fechando no Rio Grande do Sul, Pernambuco e no Rio de Janeiro. Cidades como Itaboraí e Macaé afundando. O Estado do Rio à míngua. Escolas, universidades e hospitais sem limpeza, pois os trabalhadores não recebem seus salários. Servidores públicos em greve, sabendo que não há recursos para aumento de salários, mas mesmo assim ficam em casa, recebendo, claro. O Rio Grande do Sul é uma desgraça à parte, sem comentário, nem para o salário o estado tem. Por outro lado, vemos tantos e tantos “companheiros” pendurados no governo, mamando nas tetas ex gordas do estado, recebendo salários às vezes absurdos e não largam o osso por nada. Também vemos na periferia a população trabalhadora tendo de conviver com a violência, com filhos vulneráveis a influências negativas da droga e da violência, pagando a conta de políticos míopes, sem visão, que chegaram ao poder, pelo poder, pensando apenas em se perpetuar nele, sem saber conduzir o estado, sem literalmente saber o que fazer. A chave de ouro dessa situação é o orçamento encaminhando pelo governo e, para surpresa geral, “pois nunca antes na história desse país aconteceu”, o pobre coitado prevê um déficit. Como pode isso? O orçamento elaborado pelo governo demonstra que ele não tem dinheiro para pagar as suas despesas? É isso mesmo? Me belisque, por favor, isso é realmente surreal. Para mim isso é abrir mão de governar, de ser governo, de comandar, de conduzir a nação, de ter uma visão, de nos apresentar um sonho, é o fim.

Para onde iremos? Atribui-se a Martin Luther King uma frase de valor inquestionável: “O que me preocupa não é o grito dos maus, mas o silêncio dos bons”. Até quando os bons ficarão calados, achando que dinheiro do governo não é de ninguém, quando na verdade é de todos nós? Até quando aceitarão que se paguem salários a médicos fantasmas, que acha que cuidar do povo que paga seu salário é favor? Até quando aceitarão esses políticos sem visão, sem projeto, que querem o poder apenas para enriquecer? Até quando aceitaremos nos corromper e corromper para nos beneficiarmos? Quando entenderemos e daremos um basta a pequenos desvios que contaminam a sociedade e refletem nos políticos? Até quando deixaremos de ser medíocre e vamos colocar como meta nada menos que a integridade? Para mim é simples, é conta de padeiro, quando formos íntegros exigiremos integridade, quando formos honestos, exigiremos honestidade.

Bem, tenho de parar, o post está ficando muito grande, vou perder meu leitor, depois eu continuo. Além do mais, sempre que escrevo assim sou “injustamente” taxado de azedo, mal-humorado e coisas assim, mas é o que temos para hoje. Para finalizar deixo uma frase do ex presidente do Uruguai, Mujica: “Quando o afã de fazer dinheiro se mete dentro da política, isso mata”.

Diálogo com o FB - XVI - Torcedor

Sabe FB, sou um torcedor vagabundo. Nunca sei contra quem meu time irá jogar, nem o nome dos jogadores. Acho que só conheço um jogador do meu time (minto, entrou um novo dentuço) e acho que sei quem é o goleiro, o resto não faço a mínima ideia. Sobre a posição no campeonato, se tem novas contratações, quem é o presidente etc, tô mais por fora que bunda de índio. Sabia quem era o técnico, o atual nunca ouvi falar, sei que tem um sobrenome estranho, mas não imagino quem seja. Às vezes me pergunto porque eu tenho um time, sinceramente não sei. Acho que é uma demanda da sociedade porque sempre perguntam, “qual o seu time?” ou o velho trocadilho “que time é teu?” Talvez para ter assunto no elevador, me relacionar com estranhos na rua e conhecidos ou fazer amigos. Aliás, graças a um amigo estou sempre informado, ele sabe tudo e me mantem informado sobre o meu e o seu time, na verdade acho que eu torço para o time dele de tanto que acompanho, #SóQueNão, torço pra cair, pra ter uma crise, pra ter um confusão qualquer, acho que me divirto mais com isso. Brinco “agora cai” e ele me responde “time grande não cai” e a conversa rola.

Nas minhas últimas férias usei a camisa do meu time, camisa cara, paguei R$ 39,90 em 10x no outlet perto de casa, oficial, tá! (acho que encalhou muita camisa 2012) e foi a segunda vez que eu a usei. Achei super interessante a experiência, pois a camisa abriu canais de comunicação com as pessoas, eu falei com gente que nunca imaginei, recebi “saudações” de estranhos, a camisa era elogiada, ouvi causos, bati papo com um barqueiro num passeio na praia, fiquei sabendo que era freguês de A ou batia em B, ouvi a história da camisa e do time, enfim consegui se relacionar com muita gente diferente e gostei muito. Ano que vem usarei novamente, espero não engordar.

Mas existe um outro lado do torcedor que não gosto, é quando torcer sai de um ambiente saudável e amigável e vai para ofensas às pessoas ou ao time do próximo. Penso que tem de haver respeito, tem de haver um limite. Tenho amigos com quem eu nunca falo sobre futebol, pois eles são apaixonados, parece não existir nada mais importante nesse mundo que seu time, assim não dá, mantenho distância, pois a tênue linha pode ser ultrapassada e como eu me conheço procuro manter uma distância segura. Futebol mexe com os instintos mais selvagens de alguns seres humanos, coisa insana mesmo, um “amor” desenfreado, que beira a loucura em alguns e acho que isso não é bom.

Então FB, seu eu pudesse dar um conselho eu diria, entre optar por ser um torcedor vagabundo como eu ou fanático como outros, escolha as pessoas. Digo, pessoas são as coisas mais importante e não vale à pena ofender, magoar ou perder um amigo, que é tão difícil de conseguir, por um time. Procure se divertir, mas não deixe a raiva superar o limite do aceitável, mantenha a coisa no campo gostoso da rivalidade. Sim, rivalidade é uma coisa boa quando se mantém nos limites do respeito e consideração. Nenhum time é grande se não tiver um adversário à altura, portanto o adversário tem seu valor, se for ganhar de um cachorro morto que graça tem, né? Então pense nisso.

Diálogo com o FB - XV - Triste


Hoje não vou encher seu saco, vou falar pouco, pois tenho dito demais, estou triste, FB. Não por mim, mas por uma coluna que li no jornal: uma “mulher, linda, inteligente, culta e bem resolvida”, descrição dela mesma, discorria sobre sua vida. Casada há trinta anos, com um marido que, quando jovem, era o príncipe encantado que toda mulher sonhava ter. Ele se tornou bem sucedido, mas acabaram se distanciando. Ela então diz que foi se redescobrir, viver a vida, ter amantes mais jovens, que a fazia sentir amada. Não se separou, continuava com o marido que ela agora dizia ser insuportável, sem vida íntima e possivelmente cada um vivendo suas vidas (isso estou concluindo). Optou por manter sua família com seus dois filhos.

Tenho outras histórias e uma é bem parecida, só que nessa ela optou por se separar, mas parou em analistas e médicos psiquiatras. Tudo muito igual: príncipe encantado que desencantou, uma linda família, prosperidade financeira, viagens, bens, tudo de bom e do melhor. Conversando com um amigo, ela colocou, “ela se deu bem, está rica”. Concordei com ele na parte da rica, mas se deu bem, acho que não.

Voltando à primeira mulher, ela concluiu sua carta enviada ao colunista com uma frase, “não sou feliz, mas quem é?” Tenho impressão que ambas abririam mão, seja da riqueza, seja dos garotos que a faz sentir-se amada, pelos antigos príncipes, que viraram sapos, pela vida que imaginaram viver. Não deve ser fácil dedicar décadas a um sonho e ele acabar assim.

Diálogo com o FB - XIV - Esquisito


Olá, FB. Sabe de vez em quando me encontrava com um cara.Calma, não é nada disso que você está pensando, pô! Só porque eu sou tricolor?Vou mudar a frase, de vez em quando eu me esbarrava com um cara. Eram situaçõesàs vezes inusitadas e recorrentes, como quando fui caminhar as cinco da manhã.Deve estar pensando: maluco. Foi o que uma coroa me chamou quando me viucaminhando, acho que ela está saindo para viajar com o marido, “tá maluco!caminhando essa hora! vai ser assaltado, bobão!”, mas era a única hora que eutinha pra caminhar, pois à noite eu chegava morto, e quem eu encontro? O cara.Caminhando como eu, aliás só tínhamos nós dois naquela escura “rua dacaminhada”, dando mole pra malandragem.

Ele era um cara esquisito, taciturno, mal escarado, de poucafala, que não cumprimentava as pessoas e usava, quando ia trabalhar, camisasocial, com a manga dobrada e seu indefectível sapato preto (é o que minhaequipe chama de português arcaico...). Sempre que eu o encontrava tentava mudaraquela amarrada cara, olhando para ele, cumprimentando, mas ele me ignoravasolenemente, fingindo olhar alguma coisa, pra baixo, pra cima, ou pra qualquerlugar diferente do meu olhar.

Depois eu aprendi que não precisava caminhar todo dia epassei a fazê-lo nos sábados e domingos. Quando eu ia caminhar de manhã, láestava ele em algum ponto da minha caminhada; quando eu perdia a hora, eletambém, e nos encontrávamos; se eu trocava de horário para noite, ele também,lá estávamos nos cruzando novamente. Uma vez peguei um ônibus totalmenteatípico para retornar para casa, tinha de soltar nem lugar nada a ver com meuitinerário e quem estava no ônibus e soltou no mesmo ponto que eu? Ele, claro.Tem mais, eu consegui uma lotada de táxi, que levava uns passageiros para oCentro do Rio e quem já estava sentado no banco de trás? Não respondo. Até navan, quando existia, eu o encontrava. Um dia estava no horário do almoço, noCentro do Rio e eu, “o cara que não ninguém vê”, quem aparece em plena RioBranco? O próprio.

Depois desses e outros tantos encontros, ou desencontros,passei a pensar, deve haver algum propósito nisso, porque eu encontro esse caraesquisito tantas vezes e em tantos lugares diferentes? porque ele não fala,porque está sempre com essa cara fechada e parecendo mal humorada, porque estásempre sozinho? E passei a achar graça quando o encontrava e tentava quebrar ogelo, abanando a cabeça e coisa e tal, sempre sem sucesso, quando ele desapareceu,nunca mais o encontrei, não o via mais na caminhada, na condução ou qualqueroutro lugar, acho que foi quando eu entendi o quanto eu era parecido com ele,na verdade ele era eu em todos “os defeitos” que eu via. Pois é, eu via meualter ego, olhava num espelho e não percebia, quando percebi, ele desapareceu.

Diálogo com o FB - XIII - Retorno


Pois é FB, um frio corria meu estômago, um turbilhão de recordações e sentimentos invadiam minha alma e me fazia sentir medo: “Moreira César”, um bairro abandonado da periferia. Quantas vezes eu soltei no meio da Dutra, ainda escuro, vindo de minha visita mensal, ou bimensal, à minha família, andando pela escura, reta e deserta rua. Lembrei do frio banco em que sentava enquanto aguardava o primeiro ônibus a rodar para eu retornar a um lugar que eu não sabia se era bom ou ruim para mim, tinha muito sofrimento na alma, muita amargura, mas tinha os amigos, a visão, um projeto que exigia um preço a ser pago, mas as dúvidas sempre iam e vinham, não sabia se iria para África morrer de uma doença tropical, se seria enviado para uma floresta brasileira, se ficaria numa cidade, na roça, ou se não daria para porcaria nenhuma (que foi o que aconteceu). O lugar antes ermo e deserto, agora estava... a mesma coisa:fábricas e terrenos vazios, nada mudou e me decepcionei, achava que teria evoluído, crescido, virado uma cidade, mas não e o banco que eu sentava não existia mais, foi tomado pelo mato. Quando eu vivi aqui, no início dos anos 80,era roça, uma pequena cidade do interior que seria totalmente desconhecida senão tivesse um nome peculiar, Pindamonhangaba, objeto de chacotas nos programas humorísticos da época por causa do seu nome. Desde quando meu pai foi me buscar por eu ter sido impedido de visitar minha família por Faraó, o diretor da escola, nunca mais retornei e agora estou aqui, sem saber bem porque ou pra que, mas há uma ferida que preciso fechar, há uma página que preciso virar e tenho de ter forças, vencer o medo, a apreensão e me dirigir ao antigo IBAD,nome que até hoje me dói ouvir. Porque isso me marcou tanto? O que realmente aconteceu nesse lugar? E porque eu, que me considerava forte, agora temo ao pensar em rever antigos lugares, o coreto na praça que ficava em frente ao colégio, o antigo bar que eu tomava leite com groselha, o rio Paraíba, que cortava a cidade com suas águas barrentas, a horta que eu molhava de manhã e à tarde, o galinheiro que eu roubava ovos, as pessoas... ah isso sim, o que mais me assustava, rever as pessoas. Será que seria reconhecido, será que seria bem recebido, será que o lugar continuaria o mesmo, os alunos teriam o mesmo perfil de tantos anos atrás, será, será, será? Dúvidas, apreensões, mas, como dizia a minha mãe, “cheguei até aqui, termino de chegar”.

Durante a viagem, sem pressa e parando em lugares que achava legais, a Serra das Araras, o almoço caseiro, o passeio no teleférico de Aparecida, minha mente sempre me levava para esse encontro, para esse momento, procurava disfarçar, pensar em outras coisas, curtir a viagem,pois afinal estava de férias e ali não era a minha meta, apenas passagem, não deveria ser importante, apenas um reencontro, mas a mente sempre ia pra lá,para aquele momento. Lembrava do post “Culpa” e constato que esse lugar estava comigo para onde eu fosse, comendo com ele, andando com ele, dirigindo com elee isso não era bom. A vontade de reencontrá-lo agora se tornou uma necessidade,eu precisava resolver esse assunto, entender o que ocorreu a tanto tempo evirar definitivamente essa página.

Abri a janela do carro para sentir o argelado que vinha do lado de fora, se tivesse olfato sentiria os cheiros, mas o frio já era suficiente para eu recordar de um período chuvoso que durou 40 dias ininterruptos, apodrecendo as alfaces que eu cuidava, de um local, uma cachoeira,na verdade um pequeno rio, de onde era proibido de ir, mas sempre ia com os amigos tomar banho. Era longe, a cerca de uma hora à pé, mas valia à pena, achoque qualquer coisa valia à pena, o importante era nos evadirmos. Passei por ele e a água agora não era mais tão limpa, a vegetação estava deteriorada, sobraram umas poucas e velhas árvores e quase não reconheci o lugar, na verdade nem posso afirmar que era ali, pois tudo havia mudado demais e as memórias que afloravam do profundo da minha mente não traziam informações completas para concluir, só sabia que eu ia para um rio tomar banho com os amigos prisioneiros e achava, ou queria que fosse ali.

Divaguei e me perdi. Liguei o GPS, pois não mais fazia ideia de como chegar ao meu destino, minhas memórias eram antigas,eram de eu andando de ônibus ou a pé, de carro era novidade, não tinha noção demão, contra mão ou sentido das vias, tudo novo e velho ao mesmo tempo, uma imensa confusão mental que eu tentava organizar. O aparelho me levou por um lugar novo, uma larga avenida que possivelmente seria o caminho mais rápido,mas ele desconhecia a minha alma, que não queria estar naquelas arborizadas avenidas, mas ansiava pelas coisas velhas, coisas passadas, estragadas pelo tempo, mas importantes para mim. Desisti de me achar e, perdido, segui fielmente às suas ordens e ouço me dizer “a trezentos metros dobre à sua direita”. Palpitação, falta de ar, forte ansiedade, entraria na fatídica rua,obedeci. De cara vi o antigo “Bar do Waldir”, incrível, as mesmas pedras na parede, pintadas com um verniz barato, a mesma distribuição do balcão, uma pessoa idosa atrás do mesmo, seria o Waldir? Não me atrevi a parar e perguntar,tive medo e passei direto. Sabia que poucos metros à frente encontraria com meu passado, quando um muro, feito de tijolos à mostra, construção típica da região, apareceu. Era o mesmo de tantos anos atrás, não havia sido modificado, com cerca de quatro metros, com os quadrados de tijolos cercados por uma moldura de emboço. Reconheci na hora e me vi atrás dele, catando as ervas daninhas da horta que ficava colado ao mesmo.

Dobrei a esquina ao final do muro e me deparei com a praça, a mesma citada, de tantas recordações, como a do amigo fotógrafo que usava suas possantes lentes objetivas como binóculo para espiar os transeuntes e usuários da praça, agora deteriorada pelo tempo, com gramas gastas, na verdade nem grama mais eram, era um mato, como um pasto, mal cortado por algum funcionário da prefeitura entediado. As árvores velhas pareciam que iam cair pelo peso da idade, ervas daninhas grudavam em suas folhas e galhos,piorando a situação, ressaltando ainda mais o coreto que estava bem no centro,o mesmo coreto, parecia que não recebeu uma mão de tinta nas últimas décadas, com suas pedras à mostra, tudo igual, tudo a mesma coisa, será que o tempo congelou esse lugar? Corri à vista tentando localizar onde estava. Procurei as casas, que à época estavam caindo aos pedaços, onde meu irmão morava, a vila dos casados;a casa de Faraó, que ficava do outro lado da praça; a antiga igrejinha católica, mas não conseguia identificar, pois havia uma padaria, um terreno baldio e um pequeno comércio, seriam ali?

Desisti e me voltei para a escola. Olhando de fora nada mudou, a “Casa Branca”, onde morava o antigo diretor e só, não conseguia ver mais nada, fiquei nas pontas dos pés, subi num banco próximo, mas tudo parecia estranhamente vazio. Parei em frente ao portão, ele estava fechado, olhei por cima dele e tudo estava parado, não havia uma viva alma,tudo deserto, será que era por causa do feriado em São Paulo? Tentei olhar mais ao fundo e ninguém, tudo deserto, o que teria acontecido? Confesso, fiquei sem ação, estava preparado para muita coisa, mas pro nada isso não passou pela minha cabeça. Observei um pequeno grupo moças que conversavam em frente e fiquei sabendo que o IBAD havia fechado. Fechado, acredita FB? Aquele cadeado enferrujado me privou do encontro, não haveriam mais as pessoas, não conseguiria ver meu antigo alojamento, o local da horta, o bananal, ou o local do bananal, pois não saberei mais se ele ainda existe, bem com o galinheiro.Faraó? Não o encontrei e possivelmente nunca mais o verei. Aquele cadeado trancou a minha história, o encontro com o meu passado foi cancelado, encerrado e tudo que vivi, tudo que sonhei, tudo que esperei, vai comigo pro túmulo.

Diálogo com o FB - XII - Culpa


Olá, FB. Você conhece alguma pessoa que culpa alguém ou uma situação por algum fracasso na sua vida? Eu também. Para evitar isso eu procuro ver a vida de uma maneira simples, tudo é culpa minha. Se não consegui o emprego, culpa minha, eu não me preparei, não estudei ou não estava a altura do cargo; um amigo deixou de falar comigo, culpa minha, eu não soube dar a ele a atenção que merecia ou os cuidados que ele precisava; não consegui um aumento, culpa minha, eu não soube me relacionar, não soube fazer o meu marketing pessoal necessário; a muito tempo numa fila? (adoro!), incompetência minha em não observar o que estava ocorrendo nos outros caixa e escolhi mal e assim vai, colho o que eu planto.

No princípio achava simplista, mas vendo as coisas dessa forma eu tinha ferramentas para atuar, fazer alguma coisa, o que não ocorreria se eu culpasse ou responsabilizasse alguém ou algo por isso. Quando eu sou o culpado posso pedir perdão, posso dar mais atenção, posso estudar, posso trabalhar, posso procurar melhorar, posso fazer algo, não fico na dependência, mesmo não tendo sempre sucesso. Quando eu sou o culpado por ter feito um mal negócio, ou ter feito uma escolha má, ou uma bobagem qualquer, mesmo que influenciado por outrem, ou pelo meio ambiente, ou pelas circunstância, eu encerro a história, não fico ruminando eternamente esse fracasso.

Tem pessoas que tem mágoas do meu pai até hoje e, para quem não sabe, ele faleceu a onze anos! Outros culpam alguém por um fracasso que ocorreu a décadas, isso mesmo, até hoje ruminam essa dor e sofrimento, retroalimentam um ressentimento que se eterniza e irão morrer com ele, infelizmente. Tenho muitos, muitos fracassos na minha vida e poderia fazer uma relação enorme nesse post, eu erro, eu errei e com certeza eu errarei, magoei pessoas e com certeza elas têm motivos para ter essas mágoas. Sei quem são? Não faço a mínima ideia. Assim eu aproveito esse post para pedir perdão a todos e se, eu puder redimir o que eu fiz, me falem, mas tirem do seu coração essa mágoa, que nada constrói, apenas te mata lentamente.

Dizem que quando você tem alguma coisa contra uma pessoa ela come com você, toma banho com você, dorme com você, acorda com você, te acompanha para onde você for. Quer saber se eu tenho mágoa de alguém? Deixe-me pensar... hum... acho que não, não lembrei de ninguém. Claro que sou magoado por n motivos, mas trabalho para retirar isso do meu coração, não quero ir no banheiro com ninguém.

Algum tempo depois...

Depois que eu escrevi esse post, fiquei ruminando se havia algo que me incomodava. Lembrei de algumas pessoas que não gostam de mim, principalmente do mundo corporativo, onde temos que tomar decisões, atitudes, ou falta delas que realmente machucam e eu entendo perfeitamente, mas, de um modo geral eu fiz amigos por onde passei e isso me consola um pouco. Pensei na minha profissão que eu demorei tanto a aceitar e hoje eu gosto muito; no meu casamento, que foi minha primeira opção; na minha família e meus oito irmãos, gosto de todos e sinto que todos gostam de mim, bem como meus muitos familiares e desconheço se alguém tenha algo contra mim, mas... mas... senti uma coisinha...

A muito tempo eu estudei num seminário, de onde eu fui “convidado a me retirar”. Acho que isso de alguma maneira me marcou, porque depois de tantos anos (não vou dizer quantos) ainda lembro dele, inclusive já escrevi sobre essa fase da minha vida (se tiver curiosidade procure nas minhas notas “Pindamonhangaba 1 e 2”). Também tem um outro sinal, eu sempre recusei retornar lá, apesar das muitas oportunidades, então, como tudo é culpa minha, vou tentar resolver isso. Como eu tirarei uns dias de férias, irei lá, quem sabe virar essa página ou até encontrar Faraó, feitor que “cuidou” de mim nesses anos. Depois eu conto como foi, OK? Por enquanto vamos parar por aqui.

Diálogo com o FB - XI - Rede


Bem FB, hoje estava pensando em você. Calma, não fique se achando, na verdade você apenas representou o que eu pensava, pois existem muitos outros como você: as redes sociais. Tenho um amigo que tinha uma fala, isso mesmo, apenas uma, e sempre que me via repetia, “na vida tudo passa, até a uva passa”, chato pra caramba! Mas voltemos, espero que você passe e não vou sentir saudades, não que eu seja contra, muito pelo contrário, sou usuário de algumas, me aproximei de pessoas distante, me utilizo para me comunicar e me relacionar, até para publicar meus posts, não que você seja o problema, o problema são como as pessoas te utilizam.

Infelizmente, por não saberem usar, vemos muitas vezes um reunião familiar silenciosa, ninguém conversa ou conversa pelos celulares. Aí eu pergunto, “pode isso, Arnaldo?” Pode uma mãe criar e educar seu filho no mundo virtual? Pode um namoro evoluir, virar noivado e casamento pelas redes? Pode uma casamento se manter sem conversa real, aquela que faz barulho e sai cuspe quando a pessoa fala mais alto ou mais rápido durante uma DR? Que acha de uma pessoa que está no carro com você e o tempo toda conectada, conversando, interagindo... com os outros? Como fazer compras num supermercado com uma pessoa que fica o tempo todo olhando para o celular, acha que pode dar certo? Li uma pesquisa que a segunda causa mais citadas de divórcios na Inglaterra foi você, pobre FB. Você é o culpado? Com certeza, não, culpado são as pessoas que perderam um relacionamento por não saberem usar as redes, a culpa do fim de um relacionamento é a sua falta. Não entendeu? O que acaba com um casamento, namoro ou seja já o que for são problemas no relacionamento.

Já vi amizades acabarem por sua causa, já vi brigas familiares por sua causa, já vi pessoas vestirem carapuças por indiretas que não eram para elas, mas fazer o que, redes são o terrenos das indiretas, pessoas às vezes estão apenas desabafando, descarregando suas pesadas almas, usando você como psicólogo, mas os outros acham que estão falando delas.

Para ilustrar o que estou falando deixo esse vídeo, ele demonstra a que ponto chegamos, é uma paródia, mas tem muito de verdade e também eu tenho uma coisa para dizer para os que estão se excedendo: se tiver pessoas vivas perto de você elas são mais importante que tudo, inclusive o FB, Zapzap, Linkedin, Instagram etc (são tantas que nem sei) então, você que está de cabeça baixa não está vendo sair entre os seus dedos seu casamento, o crescimento do seu filho, o problema que seu marido ou esposa estão passando, o lindo dia que está do lado de fora da sua casa, a vida. Então dê valor ao que realmente interessa, pois isso vai passar.

Diálogo com o FB - X - Cabeça


Olá, FB, tava pensando, o que é a vida, de onde viemos, para onde iremos...? Existe algum propósito em existirmos? Existe mais alguém, além de nós, nesse imenso universo? Meu corpo tem uma alma ou minha alma tem um corpo? Complexo, né? Mas eu não tenho respostas não, pode ir tirando o cavalinho da chuva. O que eu gostaria de te dizer é que muitas vezes não a compreendermos e ela se vai, escapa entre nossos dedos, não percebemos que ela está ao nosso redor, nos acompanhando para onde formos e nós simplesmente não vemos. Eu tenho a “injusta” fama de não ver ninguém quando estou caminhando e é verdade, eu não vejo nada mesmo, tudo some, mas tenho procurando mudar, olhar o que está acontecendo, levantar a cabeça, observar a vida e é isso que proponho, levantar a cabeça, desfrutar o que está fluindo de vida ao nosso redor.

Eu morro numa cidade horrorosa, mas na ida para o meu trabalho eu posso desfrutar de uma natureza que eu acho difícil achar igual. Temos montanhas, água, vento, cheiros, nem sempre agradáveis (não sinto ambos), céu, nuvens, que antigamente eu ficava procurando formas e tudo nós ignoramos solenemente. Além de, não ver nada e ninguém quando eu caminho, eu tenho outra deficiência: quando eu olho para algo eu não consigo ver mais nada além do ponto que eu foquei. Não sei se acontece com você, mas meu foco é muito restrito, só consigo enxergar um ponto de cada vez, não tenho uma boa visão periférica, fico tipo bitolado, então estou procurando desenvolver uma habilidade policial, de ver tudo ao mesmo tempo. Claro, eu não consigo, mas tento, viro a minha cabeça pra esquerda e pra direita, pra baixo e pra cima, para eu enxergar o que está acontecendo, afinal é a minha vida que está se esvaindo.

Assim, FB, desligue um pouco a mente dos problemas, eles continuarão lá, não irão embora, fique tranquilo e curta a vida, olhe o mundo, sinta a natureza, olhe ao redor, veja se o céu está azul ou nublado, deixe a chuva te molhar um pouco, olhe para as pessoas, veja se alguma precisa de ajuda, atente para seus amigos e parentes escute o que eles tem a dizer, responda, ria do que for engraçado (e das chatas também), sinta os aromas, celebre, desfrute a vida porque ela está passando.

A vida não são bens materiais, não é emprego, não é dinheiro, não é palpável, mas nós achamos que sim e damos a nossa vida por isso, já pensou nisso? que realizamos uma troca? O trabalho é fundamental, é a nossa sobrevivência, mas definitivamente não é tudo. A vida é uma folha, que seca e se vai, portanto foque no que realmente interessa, nas pessoas, nos relacionamentos e se você não for ateu, Deus. Não espere ela acabar para descobrir.