20 janeiro 2016

Diálogo com o FB - XVIII - Umbral




Sabe FB, tô “xatiado”. Estou passando um momento muito difícil, de muita dor e sofrimento, de ser desconsiderado, e isso não é bom. É um sentimento de não estar nem lá, nem cá, como em cima de um muro, no “umbral”. Umbral, aprendi com um amigo espírita, é para onde vão os espíritas suicidas. Nós compartilhávamos nossas crenças e as confrontavas e uma vez ele me disse que o pior pecado que uma pessoa espírita pode cometer é o suicídio. Segundo ele me ensinou, o suicida espírita fica num limbo, nem no céu, nem no inferno, palavras minhas, não sei muito bem, ficam lá, em penitência, sofrendo pra caramba, no nada,eternamente. Pois bem, é o meu caso, a parte do nem lá, nem cá, OK?

Sei que deve estar se preocupando comigo, afinal me considera muito, ou será que não? Mas meu momento é realmente complicado, pois sou um pré idoso, ou seja, sou velho o suficiente para sentir dores nas pernas ao viajar em pé na barca, depois de caminhar da Cinelândia à Praça XV, mas não o suficiente para sentar numa das cadeiras amarelas, reservada para as prioridade; não tenho mais saúde para ficar numa longa fila do supermercado, farmácia ou banco, mas não o suficiente para ficar na fila menor, a da prioridade; duro, sem dinheiro sobrando, como um bom velho, que mal pode pagar suas despesas e passagens, mas não tenho direito ao Vale Idoso ou comprar meus remédios mais em conta na farmácia popular do governo. Sabe FB, acho isso uma tremenda injustiça. Vejo velhos melhores que eu, um até me ultrapassou quando caminhava, passando minha frente na barca, sentando nas cadeiras amarelas e usando o Vale idoso e eu, que estou muito pior que eles, no túnel, a caminho da luz, jogado às traças. Será que ninguém está vendo isso? Pode isso Arnaldo?

Na minha opinião a prioridade deveria considerar a condição física e mental da pessoa, não somente a idade, pois a velhice está na cabeça das pessoas, e na minha já deu. Eu não tenho condições de ficar em pé, meu joelho dói; não dá pra eu ficar na fila do mercado, minhas costas dói; fico morto na minha caminhada diária do trabalho, quase não sinto as pernas; me sinto cansado quando termina meu expediente e muito mais acabado que os velhos “com prioridade”, e pra mim nada! Sabe FB deveria haver uma legislação que desse ao menos alguns direitos para os pré idosos ou velhos de espírito, meu caso. Deveria sim ter direito uma uma pré vaga de estacionamento perto da entrada do mercado, nem tão perto, como a dos idosos de carteirinha, mas não tão longe como hoje; um desconto na passagem para nós os pré idosos, já que gratuidade não tenho direito; uma cadeira, se não amarela, pelo menos magenta, para os pré idoso, se não daqui a pouco morro, o túnel a caminho da luz está cada vez maior, me sugando, e não vou desfrutar nenhum desses privilégios.

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