20 janeiro 2016

Diálogo com o FB - XX - Finados

Sabe FB, como hoje é dia de finados, vamos conversar sobre a morte e velhice.
Às vezes eu converso com você sobre essa fase da minha vida, que estou à caminho da luz, no do túnel, como nos filmes. Alguns não gostam e sou recriminado, talvez por interpretarem esses posts como realidade, o que nem sempre é, pode ser somente brincadeira de escrever, como um hobby, vai saber.
Nessa caminhada que é a vida eu procuro me espelhar em quem está minha frente, vamos chamar de referências, em quem eu procurarei ser parecido, sabe, tipo assim, ”quando eu crescer quero ser igual a você”? Tenho um amigo que é uma dessas referências, um senhor distinto, sempre elegante, bem vestido, barba feita e bigode cuidadosamente aparado, quero ser como ele no quesito aparência. Tenho outros que são referências inversa, o tipo de velho que não quero ser, como os babões, que ficam olhando as menininhas, os velhos burros que pegam empréstimos consignados e muitas vezes nem são para eles. Os velhos bons demais, que dilapidam seu patrimônio, dando-os para filhos, muitas vezes perdulários, que destroem o fruto do seu suado trabalho e eles mesmos ficam a ver navios, desamparados. Tem os velhos que são explorados por pastor, por pai de santo ou qualquer outro inescrupulosos, charlatão, que vendem cura, saúde, a vida eterna para eles, que se recusam a aceitar serem velhos, nem o que advém dela, como a doença, perda da força física e mental, querem continuar a ter a saúde dos jovens, querem andar, pular, correr, carregar bujão de gás etc.
Eu gostaria de ser um velho que aceite as limitações da idade, que aceite a doença, que aceite a morte, que aceite que não ficarei para semente. Ainda não cheguei a esse nível, não aceito muito dessas coisas, mas trabalho para isso, quando chegar a hora espero estar preparado para elas, espero estar pronto para enfrentar essas dificuldades e espero estar pronto para partir, para fazer a minha passagem, vamos ver se consigo.
Li que Salvador Dalí, aquele pintor espanhol com bigode de agulha, quando bem velhinho pediu para ser levado até à beira do mar. Lá ele pôde ver o céu azul, o mar, sentir o vento no seu rosto, ouvir os cantos dos pássaros. Então ele abriu os braços e exclamou, “que pena! ”. Chico Anysio, numa entrevista que eu assisti na TV, disse a mesma coisa, sentia pena de a vida estar acabando. Eu, como estou tendo a oportunidade de envelhecer, não gostaria de ficar apegado, agarrado a esse mundo, de ter a visão apenas material. Gostaria de crer que o melhor está por vir, que terei uma vida ainda melhor da que eu tenho aqui, que minha alma, que meu espírito, vai ao encontro de Deus e lá eu terei a paz e a felicidade plena e eterna, pois retornará de onde veio.

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