20 janeiro 2016

Diálogo com o FB - XIX - Mulher sapiens

Olá, FB, estive ausente um pouco por causa dos ECFs, outro dia conto essa história, mas agora estava pensando, certas coisas nessa vida não tem preço, né?. É como aquela propaganda do Mastercard, onde é apresentado situações do dia a dia que, literalmente, dinheiro nenhum compra. Eu conheço uma série de, vamos chamar “coisas”, que não tem dinheiro que pague, mas mais não quero falar de coisa, quero falar de um ser, cantado em prosas, versos, músicas e presentes, muitos presentes. Delas, das Dilmas do Brasil, das Mulheres Sapiens. Tinha um amigo (ele morreu) que quando havia uma discussão ou um papo chato que o estivesse aborrecendo, ele gritava bem alto, “eu gosto de mulé!” As pessoas paravam a discussão, porque aquele grito não tinha nada a ver com nada, nem agora nesse momento, eu acho engraçado.
Continuando, observo que hoje em dia poucas mulheres desejam ser mães. Acho que até a maioria atualmente são mães por acidente, não foram, vamos assim dizer, mães de crianças planejadas ou desejadas. Não que essas crianças não sejam amadas, muito pelo contrário, são muito bem-vindas, mas aquele desejo, aquele anseio, aquele sonho, de quem já deu nome, para qual já planejou o quarto, a escola, as roupinhas que irá usar, aquela ansiedade de engravidar, essas acho que são raras. Não sei bem dizer porque, mas acredito que seja a violência, o custo de vida, a falta de tempo, por causa do trabalho, pois é realmente difícil conciliar a vida corporativa, casa e crianças, fora o traste do marido, quando dão o azar de terem um.
Sobre a vida corporativa das mulheres existem pesquisas mostrando que não são valorizadas, que ganham menos que os homens na mesma função, que não estão na posição de liderança de grandes empresas, nem são políticas relevantes em relação ao total da população. É fato. Por outro lado, uma outra pesquisa que saiu por esses dias, apresentou uma faceta muito interessante sobre a mulheres, elas sabem que são tão capazes tanto quanto os homens, que podem ocupar as mesmas posições deles, mas escolhem não ser. Interessante, né? Eu não tenho dúvida da capacidade delas, já tive muitas chefes que em alguns aspectos eram melhores que os homens, mas eu pergunto: sucesso na vida é a coisa mais importante do mundo? Ser poderosa, rica, respeitada, influente nesse mundo deve ser a meta de todas? (Isso vale para os homens). Tem preço ver o filho crescer? Tem preço educar e cuidar de pessoas tão frágeis? Tem preço viver a vida? Por outro lado, é certo uma mulher trabalhar como um homem, depois de sair ficar horas na condução, chegando cuidar dela, da casa, dos filhos, marido, mãe e pai e mãe idosos? Fica a pergunta.
As mulheres nos unem e nos mantêm, é a nossa liga, e deveriam ser mais valorizadas, protegidas; são elas que fazem a diferença nesse mundo tão desigual e violento; são elas que estão ao lado da família e dos filhos, muitas vezes rejeitados por todos, mas não os abandona; ela está sempre perto, cuidando e zelando por todos. Se nós dependêssemos dos homens para manter nosso mundo ele já teria acabado há muito, mas há muito tempo. Perto de minha casa tinha uma casa de custódia, uma prisão e todos os dias eu passava em frente e via uma fila de... mulheres. Isso mesmo, somente mulheres, com suas bolsinhas plásticas de supermercado, no sol, esperando para serem vilipendiadas (revista íntima, quem sabe o que é entende o que eu digo), antes de poderem entrar naquele lugar horroroso, velho, caindo aos pedaços, para cuidarem, dar um pouco de amor e carinho aos párias, serem humanos que a sociedade diz “menos um” quando morrem. Raramente via um homem naquela fila, mas elas estavam lá, firmes, todos os dias, fazia sol ou chuva.
Pois é, possivelmente apanharei, mas para mim as mulheres, o seu cuidado, seu carinho, pelo o que elas representam, não tem preço. Mesmo que digam que não recebem o que merecem, que eu concordo, o que elas fazem cuidando para que nós continuemos nesse planeta não se paga e o que fazem com elas, é covardia. Reconheço que as mulheres, juntamente com as crianças e os idosos, é parte vulnerável na nossa violenta sociedade e precisam de cuidados especiais, leis especiais e reconhecimento especial, mas mais do que isso elas precisam de atitude de nós homens ou até mesmos de outras mulheres. Que demos às mesmas o merecido reconhecimento, que ofereçamos ajuda, que estejamos ao lado, independente de leis nos obrigando.

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