Quero abrir um pequeno espaço em minhas histórias para
prestar uma pequena homenagem. Em nossas vidas existem, muitas e muitas vezes, figuras que estão sempre ao nosso lado, independentemente do que sejamos ou
estejamos passando. Por esse motivo elas são dignas de
reconhecimento do seu valor e ignora-las seria uma grande falta de consideração,
não reconhecer seu valor e companheirismo incondicional, uma afronta. Tenho um
caso desses em minha vida, caso único, nunca tive igual e duvido que alguém
tenha um igual. Pois é, essa história é uma homenagem à minha escova de
cabelos, mas não uma escova qualquer, é “a minha escova de cabelo”. Essa escova
está comigo como aquela música do Raul Seixas, “eu nasci, há dez mil anos atrás”,
exagerando um pouco, ela está comigo quase esse tempo (hehe). Ela esteve quando
eu penteava meu cabelo para o lado e depois penteava para trás, e depois para o lado, e
depois para trás (qualé, pô! Não dá pra variar muito um cabelo masculino. Se eu
tivesse saído do armário...! hehe). Pois é, a minha companheira esteve comigo quando eu era
vigilante (Story XXII), quando eu tive minha primeira namorada, quando
fui para Pindamonhangaba (Story XIV), quando fui na ilha (Story XII), depois quando voltei
de Pinda e quando casei (observe o detalhe do meu cabelo cruzado na nuca nas minhas
fotos de casamento, foi ela), esteve comigo em toda a minha vida profissional que se iniciou em 1985 (já estão fazendo contas, né?), viu ao meu lado, o meu Fluminense ser campeão
brasileiro de 1984 e de novo em 2010 (um dos poucos seres vivos que puderam
testemunhar esse fato), depois tive filhos e ela foi muito usada por eles, depois
eles se tornaram adolescentes e agora ambos estão na faculdade, e ela comigo,
uma heroína. Ela viu comigo as vitórias do Airton Senna, viu o surgimento e fim
do grande piloto Michael Schumacher, viu o Brasil perder com a seleção dos
sonhos em 82, depois ser Tetra e depois Penta Campeão mundial. Só para os mais
jovens entenderem o que eu quero dizer, ela é de antes do Chaves! Isso mesmo! E ressalto um fato relevante: nunca a traí ou tive outra escova, sempre a mesma
(coitada!). Minha escova é um bem imaterial, tem um valor sentimental que as
poucas cerdas restantes dela não têm como entender. Ela foi a única que aceitou
meu rebelde cabelo, que meu barbeiro tanto “gosta”. Ele diz que ele corta
cabelos de vários clientes e tem uns clientes que têm um redemoinho aqui e outro redemoinho ou acolá, mas meu cabelo não, “é um redemoinho só”. Mas ela não desiste, está sempre junto,
ajudando a dar aquela caprichada que todos sabem como é (não sabiam o segredo,
né? agora já sabem, minha escova!). A coitada está tão caquética e há uns anos
proibi que minha família a usem-na, se não iria acabar muito mais rápido,
afinal, cada vez que minha filha a usava, com seus longos cabelos, ela ficava
mais careca. Graça a essa decisão ela está durando um pouco mais, mas penso que
o final se aproxima, pois como disse restam poucas cerdas e terei de aposenta-la (acho que de 2020 ela não passa). Aí me vem uma grande questão, o que fazer com
seus restos mortais ou cerdais? Não sei o que fazer e estou muito dividido. Num determinado
momento meu lado negro me diz para eu jogar para cachorros pegaram ou para os
ratos da minha filha roerem, num outro momento penso em por num quadro na
parede ou numa caixa de vidro lacrada e por em exposição na sala (minha esposa
iria adorar); à vezes penso em dar um final digno de uma grande companheira:
ser cremada (quem sabe usar seu fogo para assar umas carninhas, hehe).
Brincadeira, não sei o que fazer com o que resta dela, aceito sugestões. Estão
curiosos, querem saber quantos anos ela tem? Aí é como a marca da besta, tem de
fazer contas, eu a tenho desde 1981, estamos em 2012... (foto original da
coitada).
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