Fui criado num balneário às margens da Baia da Guanabara
(rs). Sempre gostei de nadar e estar dentro das suas “límpidas” e mornas águas.
Hoje reclamam que ela é poluída, mas no passado era pior, muito pior, pois,
além dos esgotos domésticos, que hoje ainda se mantem, haviam todos os dejetos
industriais, que diminuiu muito, graças às leis ambientais criadas a partir de
uma maior conscientização de que não ia dar do jeito que caminhava. Assim tenho muitas
histórias para contar que ocorreram nela, como a micose de pele que peguei
nessas citadas águas; a vez que roubaram todo o meu dia de trabalho, fruto da
venda de 200 picolés, num dia de sol de verão e muitas horas andando e gritando,
“picolé!, olha o picolé!”, com meu chapelão de mexicano que minha mãe me deu; as
vezes que fiquei atolado em suas lamas, as pescas de caranguejos, os quase
afogamentos etc. E hoje vou contar uma. No interior da Baía da Guanabara existem
muitas ilhas e algumas são bem próximas da terra e eu e a molecada gostávamos
de nos aventurar nelas. Um dia eu e com uma dessas turmas arrumamos um velho caíco (pesquisem
no google o que é), atravessamos o canal que a separava do continente e fomos à chamada "Ilha da Rádio Globo", que como o nome diz, tem a antena da mesma localizada
nela. Nossa viagem de ida foi tranquila, fomos bem e nos divertimos muito lá,
pescando, mergulhando e nadando nas suas minúsculas plácidas praias de lama,
pedra e águas mornas. No final da tarde resolvemos voltar, mas aí não foi tão
fácil como ir, pois começou a ventar muito e a arrastar o pequeno barco
levando-o para outro lugar e, por mais que nos esforçássemos, o barco não ia para
onde queríamos que ele fosse (continente), e ia nos levando mais e mais
para dentro da Baía da Guanabara. Foi então que tiver uma maravilhosa ideia, me jogar no mar
e ir nadando. Pra quê, a ideia, na teoria, era muito boa, mas não se mostrou tão boa assim, na prática. Logo que caí na
água e comecei a dar minhas primeiras braçadas, percebi que havia outro inimigo além do
vento que nos atrapalhava: as fortes correntezas que, oculta pelas escuras
águas, passavam naquele canal e comecei a ser arrastado por ela e no sentido
inverso ao barco, o barco ia para a esquerda da ilha e eu ia sendo levado para
a direita. Me esforçava, dava braçadas, tentava nadar por baixo d’água e nada!
(literalmente). Simplesmente não conseguia chegar à terra firme e nem voltar
para o barco, aonde meus amigos continuavam bravamente a lutar. Minha luta se
prolongou por um tempo que parecia uma eternidade e a correnteza foi me levando,
me levando para dentro da área restrita duma usina termoelétrica que é quase em
frente à ilha. Eu, exausto, consegui me prender e um dos dois grandes tubos de
aço que era usado pela usina para levar a água do mar para gerar vapor e
energia. Com dificuldade conseguir me grudar no grande tubo, que graças a Deus
não estava puxando água naquela hora, senão teria sido sugado para dentro dele
(era imenso para mim). Descansei um pouco e fui de “cachorrinho” para a margem.
Pensava ter terminado meu sofrimento, mas me aguardava os seguranças da usina
que me esperavam para me dar uma lição (como se eu ainda precisasse). Tentei explicar o
que havia ocorrido, mas não teve jeito, fui escorraçado para fora da usina.
P.S. Na foto estão marcados a
ponta da ilha onde estávamos e para onde fui arrastado.
Quem quiser
saber aonde é click no link: http://g.co/maps/b5qc3
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