24 novembro 2011

Short Story XVII - Coleções


Bem, nessas histórias comemorativas do meu meio século de vida, não poderia deixar de contar uma faceta dos meus tempos de infância: coleções. Quando moleque eu tinha coleção de tudo, hoje quase não vemos mais esse hábito junto às crianças, comum na era sem TV, sem Games, sem Internet, sem Facebook, sem MSN etc. Começarei pela mais nobre das minhas coleções: Selos. Ainda tenho uma grande coleção de selos e daqui a uns 200 anos vão valer uma grana (meus tataranetos quem dirão). Era dura a minha vida de colecionador de selos, porque muitos deles precisavam ser comprados. Para quem não é do ramo vou explicar. Existem dois tipos de selos, os comemorativos e os ordinários. Os ordinários são aqueles apenas com um valor impresso e servem mesmo para enviar cartas, de pouco valor para se colecionar, e os comemorativos, como diz o nome, era para comemorar ou lembrar alguém ou um fato histórico e esses podem valer mais, se for raro. Tenho coleções completas de selos de vários anos, sempre uma unidade de cada, que eu comprava na agência filatélica dos correios em Niterói. O correto é colecionar o que é chamado quadra, ou quatro selos agrupados, mas eu só podia comprar um e olhe lá (tinha uns que eram muito, muito caros para mim). Eu também tinha coleção de tampas metálicas de garrafa de refrigerante (hoje quase não tem tampa assim). Eram tampas de metal com figuras estampadas na parte de dentro e que iam para um álbum até ser completado. Também colecionava figurinhas de chicletes, que também tinha um álbum com muitas páginas, muito legal, e tinha as coleções que só eu tinha, como a de lápis, isso mesmo, lápis. Cheguei a ter mais de 200 tipos diferentes de lápis. Colecionava borrachas escolares, essas eram mais raras, coleção de perfumes, na verdade vidros vazios de perfumes, coleção de cartões postais (tinha uma pilha enorme), coleção de moedas antigas (no passado a série de moedas duravam uns três anos, assim era fácil ter moedas do Brasil “antigas”: Réis, Cruzeiro, Cruzeiro Novo, etc), coleção de papéis de carta, coleção de bolas de gude (as coloridas chamávamos de “corinho”, seriam hoje os olhos de gatos), fichas de ônibus (as passagens tinham diversos valores, de acordo com o percurso, e eram dadas como recibo fichas de plástico coloridas que nós desviávamos dos ônibus), gibis (como eu gostava! Comprava usado na feira, pois eram mais baratos), chaveiros, palitos de picolés (catávamos na rua e fazíamos esculturas com eles), caixinhas de fósforos e por fim meus “preciosos”, os mais queridos, meus álbuns de figurinhas. Completeis alguns, entre eles dois especiais, Ciências, que era um álbum cultural, com as grandes descobertas da ciência da época (eu o tenho até hoje, um pouco carcomidos por cupins). Era um álbum educativo, com fotos ou desenhos e a descrição de cada uma (muito legal) e por fim o meu álbum de figurinhas da Disney. Esse eu sempre cuidei com um carinho todo especial, afinal quando os completei ainda estudava no Tarcísio Bueno! O álbum da Disney, como todos, tinha um mercado paralelo de venda e troca de figurinha e tinha a mais difícil de todas: a Baleia, do filme Pinóquio. Um dia comprei um saquinho (não podia comprar muitos, ok?) e quando abri veio três figurinhas repetidas, uma saco, certo? Não, eram três baleias num saquinho só! Fiquei rico revendendo-as. O tempo passou e a minha cunhada pediu emprestado meu álbum da Disney e meu coração desmoronou. O tempo foi passando, passando e nada dela devolver e por fim desisti, afinal já haviam se passado 10 anos! Um dia eu fui à casa do meu sogro e para minha surpresa ela devolveu meu querido álbum e intacto! Foi o melhor dia da minha vida de colecionador. Hoje não empresto mais, não adianta pedir, no máximo olhar, e na minha mão (hehe).

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