06 abril 2016

Profissões: Operário

Trabalham no sol, na chuva, na lama, no buraco, fora do buraco, no alto, pendurado em pinguelas e andaimes toscos, mas depois não podem nem entrar no que eles construíram, triste. São mal vistos nos ambientes que deu o suor e às vezes literalmente o sangue para construir, ganham mal e não são reconhecidos, não tem os privilégios dos professores, nem o respeito dos jornalistas, médicos e advogados, mas são tão importantes quanto.
Fui peão de obra durante muito tempo e posso falar para vocês que, apesar do parágrafo anterior, são felizes. Ser peão é muito divertido, zoam uns aos outros e a si mesmos o tempo todo, se divertem com as vicissitudes das suas vidas e do trabalho, isso mesmo, dizíamos “ganhamos mal, mas nos divertimos”, era o mote.
Peão também tem outra característica bem interessante, as cantadas. Quem nunca ouviu uma delas, divertidas: “Você tá igual melancia na roça, tá rachando de boa!”, “Aê mina, você encantou minha serpente”, “Você é o ovo que faltava na minha marmita”, “Garotas abelha, o homem mel chegou!”, “Ô mina, você é ‘fia’ de mecânico? Porque você tá com as ‘peça’ tudo no lugar”, “Eu beberia o mar, se você fosse o sal” e assim vai.
Voltando ao início, às vezes vemos consideração com eles, como na inauguração no Maracanã ou do Museu do Amanhã, acho isso legal e deveriam haver mais, pois muitas e muitas vezes eles não terão condições financeiras de desfrutarem do próprio trabalho, mas não só nessas grandes obras deveríamos reconhecê-los, quando realizarem uma obra em nossas casas convide-os a entrar, elogiem seu bom trabalho, paguem salários justos. É pouco, mas é um começo.

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