21 outubro 2011

Short Story VIII - O Tubo

Como já disse, agradeço a Deus por ter ainda todos os meus dedos, mãos e a minha visão (principalmente depois da pólvora preta), porque vou dizer uma coisa...! Já aprontei cada uma! Quando moleques nós tínhamos umas atividades que hoje eu acho hardcore, mas era nossa diversão. Uma delas era derreter chumbo. Hoje sei que os vapores do chumbo não fazem nada bem, causando problemas psíquicos e câncer, mas quando crianças não sabíamos de nada disso e vivíamos brincado de derreter chumbo para fazer bonecos, escultura diversas, peso para pesca ou simplesmente vê-lo ficar líquido. O chumbo nós tirávamos de uma casa velha abandonada da rua. Olha, não sei se já foram queimados com chumbo derretido, então vou informar, arde. Essa atividade era realizada, como tudo, de forma muito precária, com uma fogueira com restos de madeira de caixa de feira e uma latinha de sardinha, que usávamos para colocar o chumbo a ser derretido. Outra diversão era explodir latas de aerossol. Sempre que achávamos uma num lixo era uma festa, sabíamos que ia ter festa. Latas de aerossol eram raras, porque eram caras, pois pra matar mosquitos nós usávamos a “bomba de flit”. Já ouviram falar? Era uma bomba, tipo de bicicleta, com um recipiente na frente para colocar o inseticida líquido. Aí era só bombear o ar e o “flit” saia do outro lado, em forma de vapor, para matar os mosquitos, muriçocas, baratas e insetos diversos.Também gostávamos de andar pelos muros das casas, se equilibrando (os melhores eram as mais altos). Nosso vizinho colocou azulejo para impedir que nós andássemos no muro dele, mas nada podia impedir os educados filhos de Alberto. Mas voltando aos aerossóis. Como dizia era diversão porque íamos explodi-las. O processo era o seguinte, fazíamos uma fogueira, um fogo bem abundante e quando estava bem forte, jogávamos a lata de aerossol no fogo. Então era esperar um pouco e bum! Era uma grande explosão. O que era de janelas abrindo, com os vizinhos procurando entender o que estava ocorrendo! Só vendo. Uma vez o fundo de uma dessas latas voou grudou na batata da perna de um amigo. Foi hilário! A lata grudou na perna dele, pois derreteu a pele e fiou aquela argola preta na perna. Foi muito engraçado (não foi comigo, tinha de rir). Depois disse passamos a manter uma distância segura. Mas a big one foi quando explodimos um tubo de imagem de TV. Já explodiram um? Pois eu dou aconselho, tomem cuidado. Foi a maior explosão que já vi na minha vida e olha que eu já vi muitas hein! (um dia eu conto algumas). Primeiro tivemos que conseguir um tubo com o vácuo, normalmente as oficinas tiram esse vácuo antes de descarta-los, mas esse estava intacto. Nossos olhos brilharam quando o vimos. Levamos, com dificuldade, pois era pesado, para os fundos da minha casa e começamos o processo. Primeiro começamos a jogar umas pedrinhas, como não quebrava (na verdade essa era nossa intenção, quebrar para vender o vidro), aumentamos o tamanho das pedras, e nada! O vidro era muito grosso e duro, quando meu amigo radicalizou, pegou um paralelepípedo e arremessou contra o tubo. Aí sim explodiu, bum! Sentimos até o chão tremer. Foi demais, ficamos apavorados e saímos correndo. Repetindo, graças a Deus eu ainda enxergo, o vidro grosso do tubo ficou como vidro moído, picadinho.

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